Cosmovisão Cristã - Aula 1: "Significado e Sentido da Vida Cristã"

“Significado e Sentido da Vida Cristã”

Introdução

Quando um jovem entra em um carro novo, do qual restam ainda dezenas de prestações, e sai para ir a uma festa cara, para beber, dançar e se encontrar com amigos, mas no outro dia, pega um ônibus para ir ao trabalho, onde cumpre funções administrativas, com ganhos bem restritos e não tem dinheiro para pagar a parcela do curso da faculdade, que terá de trancar, precisamos admitir que há um problema existencial se revelando e que algo precisa ser feito para que esta vida não seja desperdiçada. 
As estratégias para tratar desta questão podem ser múltiplas. Desde recriminar a falta de prudência no viver ao incentivo para viver a vida, naquilo que é possível dela desfrutar, mesmo que para isto, precisemos de algumas loucuras de vez em quando. Dependendo da retórica do conselheiro, ambas direções podem ser consideradas e seguidas como perspectivas verdadeiras e úteis. Mas precisamos identificar se este tipo de posicionamento extremista é suficiente para trazer este jovem de volta ao equilíbrio. 
O que proporemos neste pequeno estudo é uma reflexão sobre o que é a vida com Cristo e como desfrutar o melhor que dela é possível desfrutar. Em outras palavras é procurar descobrir os valores que compõem a vida humana, a fim de que seja possível um padrão existêncial que permita identificar em nós o que é “vida abundante”, como falou Jesus. 
“...eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10.10).
No primeiro momento, trabalharemos o conceito de “plena humanidade” (perfeita varonilidade) e sua relação com os binômios: eternidade e infinito; temporalidade e finitude. Após discorreremos um pouco sobre a crise paradoxal do homem moderno, que trocou a busca da eternidade no eterno para tentar encontra-la na temporalidade e da infinitude no infinito, para encontrá-la na finitude da criação.  

A Vida Humana e sua Relação Com a Eternidade e a Infinitude

Trata-se de suma importância que a natureza própria da vida humana seja considerada a partir do seu surgimento. As diversas teorias sobre o surgimento da vida humana, quando levadas às suas mais profundas implicações, serão um dos fatores dominantes do conceito de significado e sentido que o homem pode atribuir finalmente a si próprio.
Por exemplo, um evolucionista biologista. Que acredita que o homem é tão somente um ser biológico e nada mais que isto. Sua concepção da origem da espécie humana é a mesma de todas as demais criaturas, ou seja, um processo evolucionário que nos fez migrar de uma para outra espécie. 
O significado da vida humana para este biologista evolucionário, quando levado sua percepção da vida às últimas consequências e implicações, aponta para uma ideia pequena de que o homem é tão somente uma espécie de vida biológica, não tão diferente de qualquer outro animal e até mesmo, em alguma medida, semelhante aos minerais, vegetais, metais em geral, uma vez que seu ajuntamento de átomos e moléculas são a base substância de sua natureza.
Este homem, por sua vez, tenderá a conceber o sentido da vida como sendo a “morte”. Ou seja, para um biologista evolucionista, o homem não tem uma origem tão significativa na criação e sua jornada visa a morte, a degeneração biocelular, igual a todas as demais matérias orgânicas do planeta. 
Esta percepção da vida é extremamente angustiante, uma vez que, quando assim pensamos e estabelecemos o entendimento do significado e sentido da vida, a temporalidade e a finitude são os únicos elementos presentes. Este homem, carece de valores infinitos que o completem. 

Criados finitos e temporais por um Deus infinito e eterno

Quando buscamos nas Escrituras a origem do homem, o que veremos não é um evolucionismo sócio-biológico, mas uma criação divina e sobrenatural. 
Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou, homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar; sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra (Gn 1.26-28).
Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente (Gn 2.7).
E a costela que o Senhor Deus tomara ao homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe (Gn 2.22).
Os elementos que podemos depreender destes textos apontam para uma criação divina e sobrenatural, na medida em que Deus é o autor da vida humana e ele a traz à existência usando uma ruptura com a natureza das coisas que ele próprio havia criado. Naturalmente, o pó não produziria o homem, mas Deus fez o homem a partir do pó. O pó somente não seria capaz de comunicar vida ao homem e Deus soprou-lhe a vida. Da mesma forma, a costela do homem não produziria naturalmente a mulher, Deus tomou esta costela ao homem e Deus fez a mulher. 
Um outro elemento importante desta obra de Criação é que Deus fez o homem e a mulher, ambos, à sua imagem e semelhança, de sorte que o temporal e finito tem alguma conexão com o eterno e infinito. Esta ligação criacional do homem temporal e finito com o Deus eterno e infinito é parte da estrutura implantada do homem e esta estrutura básica da existência humana responde à Deus sempre. 
Kierkgaard, quando tratou da constituição humana (tricotomista), ele apontou o homem como sendo “uma síntese entre o finito e o infinito, o temporal e o eterno”. Agostinho, por sua vez, apontando para esta ligação estrutural, afirmou: “Fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti”.
Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim (Ec 3.11).
A ligação entre o homem e a eternidade e infinitude de Deus é uma das buscas cristãs mais proclamadas nas Escrituras. Jesus Cristo, o Verbo eterno, tornou-se homem e adentrou à temporalidade e finitude humana para os conceder: vida eterna. 
Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão (Jo 10.28).
O homem alcança sua plena humanidade numa experiência existêncial viva da eternidade de Deus e de sua infinitude. O homem não se torna eterno, mas se descobre em um mundo de eternidade real, ele também não é infinito, mas aprecia a infinitude como um valor que lhe alcança, por causa da sua criação à imagem e semelhança de Deus. 
A plena humanidade do homem, acredito que seria alcançada, como ainda será, quando ele comesse e acredito que um dia comerá da árvore da vida. Pois, dela e dito que confere eternidade aos que dela se alimentam. 
Então, disse o SENHOR Deus: Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal; assim, que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente (Gn 3.22).
Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas (Ap 22.14).
Portanto, a relação do homem com a eternidade e infinitude de Deus é que lhe confere senso de vida plena, ou seja, toda ideia de significado e sentido da vida humana está ligada à ideia de sua relação com o binômio eternidade e infinitude.  

O infinito e eterno como suporte para o finito e temporal

Como as pirâmides cujas as bases maiores dão sustentação para as partes menores, assim podemos pensar que a eternidade e infinitude de Deus são os suportes para a nossa temporalidade e finitude. 
Quando tentamos equilibrar nossas categorias finitas e temporais sem as bases da infinitude e eternidade de Deus, o que encontramos é uma falta de significado e sentido, ou suas distorções. Paulo fala deste aspecto quando comenta sobre o processo idolátrico do homem pecaminoso: 
A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves quadrúpedes e répteis (Rm 1.18-23).
A questão desta relação de suporte não está baseada na troca de estado, pois o homem, continua sendo temporal e finito. Esta relação de suporte acontece no patamar da segurança de fé. O homem compreende a si mesmo a partir da eternidade de Deus e sua infinitude. A isto, o salmista chama de beleza da sua santidade. 
Tributai ao SENHOR a glória devida ao seu nome; trazei oferendas e entrai nos seus átrios; adorai o SENHOR na beleza da sua santidade (1Cr 16.29).
O salmista conclama o povo a contemplar a beleza de Deus, enxergando nEle sua eternidade. Por isso, encarra o salmo com uma frase de exaltação da eternidade de Deus: 
Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, desde a eternidade até a eternidade. E todo o povo disse: Amém! E louvou ao Senhor (1Cr 16.36).
A adoração é, portanto, um elemento essencial da vida humana, porque a adoração é uma conexão do temporal com o eterno e do finito com o infinito, onde estes últimos conferem significado e sentido aos primeiros, promovendo no coração do homem o senso de plenitude que ele tanto precisa para a sua perfeita humanidade ou varonilidade. 

A questão da falta de significado e sentido da vida do homem moderno e ultramoderno

O homem moderno e ultramoderno abandou completamente qualquer valor de transcendência e empreendeu uma busca de significado e sentido para a vida nas esferas do finito e temporal.
A ciência moderna, bem como a filosofia que lhe prestou suporte, procuraram substituir a religião como fonte de significado e sentido e conduziu o homem ao que Francis Schaeffer chamou de “linha do desespero”.
Este desespero do qual falou Schaeffer é a impossibilidade de autocompletação pelas categorias empreendidas na modernidade. Em outras palavras, toda a busca moderna de preenchimento da necessidade humana de infinitude fracassou, o resultado é o desespero e a falta de significado da ultramodernidade, o pensamento moderno está exalto.
Por isso, o homem anda de casa em casa, de filosofia em filosofia, de experiência em experiência na busca de uma resposta que possa suspender o medo da morte, que é o resultado da sua prisão na finitude.

Busca de significado, idolatria e a sua mutabilidade na história
Os modelos idolátricos de busca de significado, são mutáveis. Eles são resultados de construções sócio-culturais. Josué pareceu fazer esta leitura quando afirmou a diferença entre o significado pretendido nos deuses dalém do Eufrates e nos deuses do Egito. A mística dos deuses sumérios, com seus poderes psíquicos ou a força dos deuses políticos do Egito, manifestos nas forças da natureza. Não importa, para Josué, eram mutações idolátricas, que se contrapunham ao Deus Vivo e Verdadeiro.
Por isso, a abordagem de Josué quanto aos deuses deles era a pessoalidade pactual de Jehovah. Eles precisavam ver no “Eu Sou o Que Sou” a eternidade que buscavam nas relações não pessoais da psique idolátrica suméria e na força impessoal dos deuses egípcios.
Quando Moisés apresentou Jehovah à Israel, precisou apresenta-lo como o Deus que ouvira o clamor do seu povo e que desejou ter um relacionamento pessoal e pactual com ele.  
Nos dias dos reis e profetas, já vivendo em meio às populações canaanitas, a grande questão a ser combatida era a idolatria provocada pela busca de deuses de outros povos. O povo de Israel havia deixado a sua confiança pessoal em Jehovah para usar a religiosidade sincrética dos povos ao seu redor. Nestes dias, eles precisaram conhecer o Deus da Aliança como sendo o Senhor dos Exércitos, aquele que supera o poder que opera neste mundo.
Nos dias de Jesus e seus apóstolos, havia processos idolátricos também no mundo gentílico. Mas eles tiveram de enfrentar um ingrediente a mais: a idolatria dos judeus. Estes, principalmente representados pelos líderes religiosos de Israel, passaram a idolatrar a condição nacional judaica e à sua autojustiça.
A busca por transcendência ou infinitude e eternidade dos fariseus, por exemplo, não se concentrava em Deus, mas em sua condição de espiritualidade de si para si. Achavam sua glória, no reconhecimento de sua santidade pelos homens e no fato de serem descendentes da grande história do patriarca Abraão e do legislador Moisés.

O surgimento do modo moderno de pensar
O cristianismo primitivo pós apostólico logo sofreu suas mutações idolátricas e muito rapidamente cedeu espaço para que a inclinação do trânsito idolátrico se manifestasse também dentro das fileiras da Igreja.
Gnoticismo, docetismo, motanismo e outras vertentes de mistura com a cultura grega foram se formando no seio do cristianismo pós-apostólico. Logo, sob a influência grega a busca de infinitude na filosofia se tornou também uma das marcas do mundo romano, influenciado pela cultura grega, inclusive o cristianismo servia como veículo para essa transformação idolátrica.
Ao logo de toda o período Medievo, o Cristianismo se tornou uma cultura hegemônica, mas carregando este acúmulo de percepção da filosofia grega. O ponto alto desta simbiose greco-cristã foi a tentativa de conciliação feita por Tomás de Aquino, quando estabeleceu a percepção da divisão entre “natureza e graça”.
O doutor angelical, como era conhecido, tentou fazer uma ajuste da filosofia aritstotélica, que considerava o mundo empírico uma realidade isolada do mundo das ideias, com a percepção cristã de mundo. Ele propôs uma divisão entre o mundo natural e suas leis, com o mundo espiritual e as leis da graça que nele operam.
Aquino, propôs uma visão de mundo na qual toda a realidade era divida em duas partes: o andar de cima – da graça; e o andar de baixo – da matéria. Depois dele, Guilherme de Ockan, foi responsável por uma divisão ainda maior. A chamada “Navalha de Ockan” separou as coisas próprias da fé e da religião, das coisas, chamadas seculares.
Assim, o homem começou a pensar de uma forma dividida a vida. Esse novo modo de pensar estabeleceu as raízes do surgimento de um novo modo de pensar, chamado moderno. Inaugurando a virada moderna.
Aos poucos, a busca de significado do homem começou a transitar do andar de cima para o andar de baixo e logo, começou-se a pensar que na realidade, o andar de cima era quase inascessível, devendo o homem se concentrar em encontrar significado para si e para a realidade no próprio homem e na natureza. Surgiu a mentalidade científica de mundo.

Do modernismo ao pós-modernismo
Como fortalecimento da importância do andar de baixo e o distanciamento do andar de cima, a mentalidade científica produziu a busca de transcendência (eternidade) na racionalidade humana. Aos poucos, foi crescendo a percepção e a importância da razão como fonte absoluta de significado. Em outras palavras, podemos dizer que o homem, descobriu-se um ser conferidor de significado à sua realidade.
O racionalismo cartesiano (penso logo existo) duvidou de todas as realidades e propôs uma nova reconstrução do significado de tudo, baseado no homem e na sua capacidade racional. Logo, surgiria o método ciêntifico. Isto é, o mundo é aquilo que a razão humana pode conceber por meio de uma “metodologia”.
Em continuidade a este modo de pensar duas escolas racionalistas tomaram conta do cenário de pensamento em busca de significado para a realidade e a vida humana. A primeira, ligada ao dogmatismo de um filósofo chamado Leibniz e a segunda o cetismo, ligada à David Hume. Estas duas escolas disputavam espaço entre a afirmação completa do controle da razão e a outra sobre a negativa de qualquer verdadeira evidência de que existe uma verdade sobre a realidade.
Diante deste problema levantou-se um dos maiores nomes da filosofia de todos os tempos: o alemão Emanuel Kant. Ele, por sua vez, entendia que a razão tinha seus limites, limitando o conhecimento possível à uma esfera fenomenal, diferenciando assim os dois andares novamente, considerando que há coisas eternas e incompreensíveis, que podem ser “cridas”, vividas como reais, mas impossíveis de serem provadas. A realidade que vivemos e podemos confirmar por meio da razão é a que nos interessa. Acho que podemos chamar esta maneira de pensar de agnosticismo kantiano.
O desenvolvimento desta forma de pensar, produziu uma guerra entre os andares e o andar de baixo protagonizou uma investida contra o de cima, promovendo, então, a sua destruição. Surgiu, então, um nome no cenário da filosofia: Friedrich Nietzsche.
Nietzche inaugurou uma nova maneira de pensar, exclusivamente materialista. Entre os seus livros, a Morte de Deus, é um ataque contra a religiosidade. Sua posição afirmava que além da presente existência o que temos é o “nada”, por isso, sua filosofia é conhecida como “nihilismo” (nihil - nada).
Este novo estágio de pensamento sobre o significado da existência é chamado de “pós-moderno”, isto é, a morte de qualquer valor fora da materialidade. Entramos na era do materialismo pós-moderno.

Do materialismo pós-moderno para o subjetivismo antropocêntrico – o ultramodernismo
O materialismo é uma busca de significado e transcendentalidade estritamente na matéria e esta impossibilidade logo se revelaria um empreendimento impossível, afinal a matéria, tem como pressuposto essencial, a finitude, portanto, a impossibilidade do materialismo de ser uma resposta de significado pleno.
Por causa desta impossibilidade natural do materialismo, ele transitou para a busca de uma nova fonte de significado para o homem. Mas, antes de encontrar o seu caminho, o materialismo precisou ver morrer a sua esperança. Antes desta morte, a tristeza nihilista gerou uma paixão pela explicação existencialista.
O nome mais conhecido do surgimento do existencialismo é o de Jean-Paul Sartre. Ele ficou conhecido pela sua famosa máxima: “a existência precede a essência”. Em geral, Sartre e o seu movimento, dizia que a falta de significado profundo só poderia significar que o significado temporário é que é o verdadeiro significado da vida. Em outras palavras, você precisa viver ao máximo cada momento, porque depois é o nada.
Este existencialismo, proveu uma ideia de transcendência temporária, na alegria momentânea, ainda que passageira. Contudo, a alma humana não conseguiria se completar tão facilmente e logo o homem se perceberia que existe um universo dentro de si, que precisava ser avaliado. Surgiu um movimento para dentro do homem: o subjetivismo.
Deste movimento subjetivista, temos um outro grande nome da história, o Dr. Sigmund Freud. Ele foi o nome mais importante da propagação da ideia de um mundo interior que era a verdadeira realidade do homem. Desta forma, o homem foi procurar dentro de si mesmo as respostas sobre qual é o seu verdadeiro significado.
Deste movimento de significado que transportou o homem de Deus para si mesmo. O subjetivismo pós-moderno, levou a sério a ideia de que o andar de cima havia sido eliminado. A ideia cristã de um mundo transcendente, com um Deus controlando a vida humana, já não existia mais, a transcendência foi, então, procurada dentro do homem, na sua psique.
Desta forma, o homem procurou se assenhorar de sua realidade interior mais profunda, de sua própria alma. Assim, logo a alma humana passou a ser também uma obra do próprio homem.

Do subjetivismo freudiano à Teoria de Gênero
Claro que o movimento do subjetivismo freudiano também precisou ver a morte deste ídolo, que passou pelos caminhos do impressionismo à arte do absurdo. O homem passou a questionar qual o real significado do seu mundo interior. Mas encontrar significado em si mesmo é sempre um projeto provisório, porque o homem em si é uma criatura e a criaturidade é finita.
Diante de sua própria criaturidade finita, o homem não poderia encontrar em sim mesmo uma ideia de significado e eternidade. Contudo, ele procurou se desfazer de alguns dos seus próprios limites e o que mais se tornou objeto de obsessão subjetivista foi a ideia de dar à sua criaturidade um significado emocional pessoal.
Por isso, a ideia de gênero se tornou a ponto de um icerberg de auto-significado, porque que ao questionar a própria identidade biologicamente conferida, o homem se diz criador de si mesmo e autossignificador absoluto.
O movimento da teoria de gênero é uma negação da ideia de uma realidade real e a auto-percepção de uma realidade emocional. Esta revolução é também chamada de revolução afetiva. Os sentimentos é quem comandam a realidade, você é o que sente que é.
Este movimento, estou chamando de ultramodernismo ou modernidade extenuada, isto é, é o sinal do cansaço de um pensamento e a possibilidade de uma virada de pensamento.

Conclusão
Um dos aspectos mais importantes da vida humana é a sua transcendentalidade criacional, isto é, a sua necessidade de significado e eternidade. Nesta busca, o homem se inclina criacionalmente à Deus, mas por causa da sua rebeldia e pecado, ele se esquiva numa direção idolátrica.
A Idolatria é, portanto, a busca de sentido e significado fora de Deus, autor da realidade. Este movimento idolátrico, levou o homem tão longe, por meio da construção de uma maneira de ver o mundo apóstata. Essa cosmovisão apostada afastou o homem de Deus, levando-o a romper com qualquer possibilidade de significado no andar de cima, tentando se completar apenas e tão somente no andar debaixo.
Essa impossibilidade natural do materialismo, deu ensejo para o surgimento de uma movimento para dentro do homem que culminou numa ultravalorização do subjetivo e o distanciamento do homem de sua condição de ser criado.
O que vimos nesta aula é que este modelo ultramoderno está cansado e dando sinais de sua morte apontando para a possibilidade do surgimento de uma nova maneira de pensar. Acreditamos, como veremos na próxima aula, que temos a oportunidade de apresentar uma nova virada de ponto de significado, quem sabe propondo um retorno ao transcendentalismo cristão. 

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