Cosmovisão - Aula 5 - Guarda o Teu Coração

“Aula 5 – Guarda Teu Coração”


Introdução
Nesta aula procuraremos trabalhar com o conceito básico de proteção do coração, conhecendo os processos de proteção e estabelecendo a importância das ferramentas da Palavra e da oração nesta obra de construção cosmovisional.
Atentaremos para o papel importante dos pais, da rede de convivência e do próprio indivíduo na realização desta obra, sem se esquecer do componente espiritual que marca o desenvolvimento de nossa mentalidade cristã.

Proteja o teu coração – porque dele procedem as fontes da vida
Como vimos na aula passada, o coração é o ponto central da formação da cosmovisão que conduzirá nossas escolhas e determinará as nossas preferenciais vivenciais. A vida deriva do coração.
Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida (Pv 4.23).
Salomão sabia da importância do coração como a fonte da vida e por isto aconselha o sábio a que o guarde. O que ele está estabelecendo aqui é que o homem que deseja controlar melhor os resultados de sua existência precisa olhar para o seu coração e saber exatamente o que irá permitir que lhe seja inculcado.

Construção passiva da consciência
Boa parte do trabalho de proteção e construção da consciência, isto é, dos valores que protegem o coração, é realizada pelos pais dentro do nosso processo de educação.
Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele (Pv 22.6).
Os efeitos deste trabalho dos pais têm uma longa duração e eficiência na construção dos valores cosmovisionais e de proteção do coração. Como diz o texto, são capazes de perdurar por toda a vida adulta do indivíduo.
Essa construção é passiva, no sentido de que ela é realizada por nossos pais em nosso coração numa fase em que somos ainda vulneráveis e temos poucas reservas e filtros.
Por causa da sua posição dentro da estrutura criacional, os pais possuem um acesso ao nosso coração, que outras pessoas não são capazes de ter. Além disto, durante a infância, as afeições, que são uma das principais portas de entrada do coração, estão mais abertas para nossos pais que para quaisquer outros indivíduos.
Estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos (Dt 6.6-7).
Outras construções passivas são realizadas ao longo da nossa existência. Elas sempre se dão mediante processos de confiança que estabelecemos com as pessoas que nos cercam. Estes processos usam a porta da afeição como entrada mais eficaz.
Entre estes proponentes de construção passiva, encontramos os irmãos, os amigos mais chegados, professores, vizinhos, parentes queridos etc. Os valores que eles nos cedem e que constroem nossa cosmovisão e a rede de proteção da consciência, são em geral os valores culturais que absorvemos da comunidade em que vivemos. Portanto, ter uma rede de convivência fraterna bem escolhida é um passo importante para a construção de valores de proteção do coração.
Outros elementos podem ser responsáveis por construções passivas do nosso sistema de proteção. Eles caminham em parte pela nossa porta afetiva, mas usam entorpecentes para isto. Falamos dos valores que nos são passados por instrumentos sensíveis como a arte, a música, etc.

Construção ativa da consciência
Por outro lado, o processo de construção da proteção do coração, isto é, a formação dos valores pessoais da nossa consciência, pode ser realizado mediante uma ação ativa da nossa parte.
Evidentemente, este processo acontece ao longo da nossa história de vida, mas se intensifica e predomina conforme vamos atingido graus mais elevados de capacidade racional e aprendizado. Quando começamos a tomar decisões sobre o que realmente iremos optar como sendo o certo ou errado.
Pondera a vereda de teus pés, e todos os teus caminhos sejam retos. Não te declines nem para a direita nem para a esquerda; retira o teu pé do mal (Pv 4.26-27).
Como pontuou Salomão neste texto, o exercício é de escolha e ponderação. Existe um trabalho pessoal de escolha dos valores que iremos deixar impregnar o nosso coração. Ele tem uma relação direta com a nossa capacidade de discernir e escolher os caminhos pelos quais andam nossos pés.
Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores (Sl 1.1).
Esta construção ativa é a mais eficaz construção da nossa rede de proteção cosmovisional do coração. Ela é capaz de superar alguns valores que nos foram passados de forma passiva, porque ela tem a força da nossa ação cognitiva ou racional pessoal. Este é o outro poderoso filtro de assimilação, a nossa capacidade de apreensão cognitiva. Isto é, a elaboração mental dos nossos próprios valores.

Construção divina da consciência
Não sei se a melhor maneira de definir este outro processo de construção da proteção do nosso coração pode ser realmente chamada de divina, como se fosse algo que feito somente por Deus. Acho que é uma construção sinergista, portanto, não é realizada apenas por Deus e sim com uma cooperação efetiva da nossa parte. Vamos chama-la de divina somente porque envolve uma ação espiritual não controlada pelo homem, que se vale de processos humanos para se realizar.
Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno (Sl 139.23-24).
Este processo de construção divina acontece pelo poder perscrutador e transformador do Espírito de Deus. Deus pode vasculhar os mais escondidos campos da nossa consciência e reorganizar, segundo o seu querer, os valores que nos foram passados.
Essa construção é realizada de forma combinada com nossa atividade, na medida em que Deus usa nossos recursos como ferramenta de sua construção. Por exemplo, você começa a ler a Escritura, enquanto está lendo, está fazendo a absorção natural do processo cognitiva, ou seus pais estão lhe ensinando a amar a Deus, por meio da oração, existe um processo humano acontecendo. O Espírito de Deus, por meio destas ações humanas, carrega estas informações para o lugar mais adequado e organiza nossa mente de uma maneira que estas informações fiquem guardadas no âmago protegido do nosso coração.
Certa mulher, chamada Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos escutava; o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia (At 16.14).
A Palavra de Deus é a principal ferramenta desta construção divina de proteção cosmovisional do coração. Ela, por si só, tem o poder de penetrar o coração e reorganizar nossa realidade interior.
Guardo no coração a tua palavra para não pecar contra ti (Sl 119.11).
Além da palavra, outra ferramenta muitíssimo eficiente para esta construção é a oração. O estabelecimento de uma percepção da realidade de Deus é favorecida pela contínua prática da oração.
Vigiai e orai para que entreis em tentação (Mc 14.38).
O desenvolvimento de uma vida cristã depende destes ferramentais para ser eficiente na construção de uma cosmovisão distintamente cristã, baseada na verdade sobre a realidade.
A operação do Espírito por meio destas ferramentas, gerará uma rede de proteção do coração aprofundada. Levando a verdade a ser guardada em uma profundidade segura da nossa estrutura cosmovisional.

Esquema de proteção do coração

Na última aula, trabalhamos com a estrutura cosmovisional do coração usando o seguinte esquema:  


Considerando esta figura esquemática do coração, devemos pensar em que a Palavra de Deus e a Oração devem se tornar um grupo de elementos de revestimento e proteção destas camadas do coração superficial, reflexivo e profundo de maneira que nossas percepções da verdade, nos ajudem a absorver com mais facilidade aquilo que é verdadeiro e repulsar o que é apostasia.  
Revestindo as diversas camadas do nosso coração, esta rede de proteção construída pela palavra e pela oração, darão mais força aos processos de assimilação da verdade de Deus e repelirão os valores apóstatas. Desta forma, guardaremos nosso coração de maneira eficaz.

Conclusão
O coração portanto pode ser protegido para que a assimilação da verdade de Deus seja mais eficaz e nos permita viver sem as sombras causadas pelo pecado e enfatizadas em uma percepção apóstata de mundo.
Este processo possui elementos passivos e ativos, além de um forte elemento divino. Assim, devemos estar conscientes destas construções e fazer escolhas ratio-afetivas que nos permitam construir nosso coração de uma maneira que nossa relação de amor último com Deus seja fortalecida.

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