Aula 3 - A Estrutura do Breve Catecismo de Westminster - Seções Iniciais


Aula 03
A Organização Estrutural do Breve Catecismo de Westminster

Parte 1
Introdução
Antes de iniciarmos nossa corrida pelo conteúdo do Breve Catecismo de Westminster – BCW, nesta aula, vamos considerar o modo como o mesmo foi estruturado e organizado como peça para a educação do povo de Deus na sua vida eclesiástica e cidadã.
Em resumo, o BCW se baseia na premissa de que um Deus Santo, Poderoso e Único criou todas as coisas e proviu um modo de que tudo viesse a funcionar normativamente, controlado por Ele, através da sua criatura mais especial, o homem. Contudo, o homem, deixou essa obediência providente e caiu do seu estado de relacionamento abençoador com o seu Criador. 
Deus, mesmo podendo condenar para sempre este homem, proviu a Redenção para o mesmo por meio de Cristo Jesus, o Redentor e liberta o homem do seu estado de escravidão ao pecado, oferecendo-lhe regras para conhecer e viver para o seu Criador. 
Em resumo, o BCW propõe um conhecimento destas regras bíblicas por meio da análise dos 10 mandamentos e dos meios de graça. Conhecimento da Lei de Deus e relacionamento com ele pelo bom uso dos meios de graça é o que o BCW estabelece como caminho para a vida humana na terra.
Na aula de hoje, veremos as três primeiras seções do BCW, que são: apresentação do propósito pedagógico, seção reguladora; ponto de partida de toda a vida, a seção sobre Deus o que ele é e o que faz; a seção que nos coloca diante da nossa realidade, que fala sobre a criação perfeita do homem e a sua queda para um estado de miséria a que toda a humanidade está sujeita. 

Seção Reguladora - Pergunta 1 a 3.
A pergunta norteadora do BCW é a primeira pergunta. Ela dá a direção na qual todo  programa do Catecismo vai caminhar. Ela expõe de forma clara o propósito educacional do catecismo, que é, produzir um homem que viva na sua realidade glorificando a Deus e desfrutando desta comunhão constantemente. 
Em virtude deste projeto educacional, o BCW foi organizado para nos dar alguns conhecimentos básicos necessários. Ele primeiramente vai nos dizer que a ESCRITURA é a matriz única capaz de organizar este processo de organização da mente para encontrar Deus, glorificá-lo e gozá-lo para sempre. 
Pergunta 2 - Que regra Deus nos deu para nos orientar na maneira de o glorificar e gozar? 
Resposta: A Palavra de Deus, que se acha nas Escrituras do Antigo e Novo Testamentos, é a única regra para nos orientar na maneira de o glorificar e gozar. 
Todo o demais desenvolvimento do BCW será em torno dessa possibilidade educacional de organizar a mente dos filhos de Deus para que estes glorifiquem a Deus e desfrutem de sua preciosa companhia. Por isso, a Pergunta 3 será uma ponte de interligação entre este propósito educacional anunciado na Pergunta 1, essa afirmação categórica da Pergunta 2 e todo o desenvolvimento posterior do BCW, a partir da Pergunta 4. 
Qual é a coisa principal que as Escrituras nos ensinam? 
Resposta: A coisa principal que as Escrituras nos ensinam é o que o homem deve crer acerca de Deus e o dever que Deus requer do homem. 
Como se pode notar, o texto está se estruturando em torno desta visão de mundo de que o homem existe para se relacionar com Deus crendo nele e vivendo de acordo com os seus preceitos. 
Esse ponto é importante porque deixa claro que não existimos apenas como entidades autônomas, sem nenhum compromisso com o Criador. O que os Teólogos de Westminster concluíram é que a vida humana existe numa relação de ordem com o seu Criador. Isso implica em todas as áreas da vida sendo reorganizadas segundo os padrões de Deus. 
Esse é o propósito geral do ensino reformado. Essa é a maneira distintiva que os Teólogos de Westminster propuseram como sendo a missão da Igreja no mundo, no caso deles, na formação de uma Eclésia nacional para transformação da própria sociedade em si. 

Primeira Seção – A Natureza de Deus e Suas Obras – Pergunta 4 a 12
Nesta primeira seção, o tema principal é o próprio Deus. Tudo parte da correta ideia que se deve fazer a cerca de Deus e do que Ele faz, como age neste mundo em favor do propósito de conduzir seus filhos ao alvo de viverem com Ele, glorificando-o, amando e desfrutando desta companhia. 
Quem Deus é - Santo, Poderoso, Único e Trino (04 a 06)
As perguntas iniciais nos ensinam a cerca da natureza divina, importando destacar que se trata de um ser único, sem nada que se lhe possa comparar e ou rivalizar. Por outro lado, é importante destacar que este único Deus é eternamente coexistente em três pessoas, que compartilham a mesma natureza, essência, poder e glória. 
O Que Deus faz – Criador e Providente (07 a 12)
Nestas questões o destaque que se faz é que Deus é o Criador e o regulador providente de toda a sua Criação. O destaque mais importante é para o relacionamento especial de Deus com o homem, como sendo o mais importante ato da providência para a manutenção da ordem criada. 
Ao passar por estas questões, vemos a doutrina dos decretos como sendo o ponto de partida para todo o ordenamento criado. Isto é, Deus fez tudo e estabelece poderosa e soberanamente como tudo deve funcionar. O exercício deste plano de ordenamento é o que chamamos de providência. Entre os atos de providência, como já dissemos, há um destaque para a criação do homem. 
O relacionamento entre Deus e o homem está estabelecido primordialmente no pacto entre Deus e a criatura humana, de que esta irá manter funcionando a criação segundo os padrões determinados pelo Criador. Este pacto de obras era portanto baseado na “obediência”. 

Segunda Seção – A Realidade do Pecado e o Estado de Miséria do Homem – Pergunta 13 a 19
Estas perguntas propõe uma profunda reflexão sobre o Estado Atual do homem. Elas o fazem por meio de uma organizada seção em que mostra que o relacionamento planejado, como obra da providência, em que o homem iria cuidar do ordenamento da Criação foi prejudicado, porque o pacto de obediência foi rompido. 
A Queda do homem do seu estado de perfeita obediência (13 a 15)
Ele descreve essa natureza do homem que não vive mais para a glória de Deus como um estado de pecado, que é descrito em sua natureza nas perguntas 14 e 15. Logo em seguida, as perguntas 16 a 19 nos dão conta de explicar que essa natureza caída produziu um estado de miséria para toda a humanidade representada naquele casal inicial, nossos primeiros pais.
A Realidade do estado de miséria e suas consequências (16 a 19)
Nesta parte da seção, o estado de miséria é o tema central. Ele é descrito em termos da primeira transgressão e como ela foi o ponto de partida para todas as transgressões da raça humana até os dias de hoje. Assim, estas questões explicam as mazelas atuais, como decorrência daquela queda dos nossos primeiros pais. 
Ao final desta seção, o que percebemos é um vaticínio de condenação do homem por causa do seu pecado. Esse vaticínio prepara a mente do filho de Deus para compreender a importância da seção seguinte, que tem a ver com a obra da Redenção.  

Conclusão
O que podemos apreender desta primeira parte da Estrutura do BCW é que existe um propósito para a vida humana, mas claramente o ser humano se afastou deste propósito santo. 
Em geral, o BCW trabalha com a ideia de que Deus é soberano e perfeito, criou o homem para ser seu vice-regente da Criação, mas que o pecado entra na história humana e atrapalha essa relação de obediência do homem na manutenção da ordem criada. 
O pecado, portanto, está em que o homem não vive no mundo de Deus fazendo aquilo que glorifica a Deus, isto é, cuidar do jardim do jeito de Deus. O ponto final desta primeira estrutura é que este homem, por isto, está vaticinado ao inferno e a não desfrutar de Deus, nem glorifica-lo. 
Essa seção abre espaço para a valorização das seções seguites, especialmente a imediatamente posterior que trata da Obra da REdençao e da Pessoa e Obra do Redentor. 


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