Aula 4 - Dons de Natureza Intelectual

Aula 4
Dons de Natureza Intelectual

Introdução
Quando falamos dos dons de natureza intelectual e a sua relação com Lei de Deus, o que devemos destacar é como estes dons nos trazem de volta aos padrões conceituais da Lei de Deus, por meio de expansão do nosso conhecimento da Lei ou por meio das exortações à prática da Lei. 
Nas listas neotestamentárias, os dons que estamos definindo “de natureza intelectual” são descritos de duas formas, quanto ao propósito ou quanto aos agentes dos dons. Embora, haja esta distinção, devemos perceber que a realidade tanto os propósitos, quanto os agentes dos dons, são maneiras bíblicas de pontuar sobre o objetivo final de reordenar o mundo conceitualmente segundo a Palavra de Deus. 
Evidentemente, quando fazemos uma distinção entre dons de natureza intelectual e natureza prática, não estamos querendo coloca-los em oposição uns com os outros, ou torná-los estanques, como se um dom prático não tivesse valor conceitual e vice-versa.


Romanos 12.6 a 8
1Coríntios 12.8 a 10
1Coríntios 12.28-30
Efésios 4.11
1Pedro 4.11

Dons para reorganização da mente

Profecia
Ensino
Exortação
Profecia
Palavra de Sabedoria
Palavra de Conhecimento

Apóstolo
Profeta
Mestre
Apóstolo
Profeta
Mestre
Pastores
Evangelistas


Pregador

Nesta aula, vamos começar a tecer breves comentários sobre os dons, resumindo sua natureza conceitual. Mais tarde, vamos nos deter com mais detalhes e retomar estas descrições e aprofundá-las. 

Dons de Natureza Intelectual Descritos Quanto ao Propósito
Observando as listas acima, percebemos que Romanos e 1 Coríntios 12.8-10 preferem uma descrição do dom quanto ao seu propósito final: Profecia, Ensino, Exortação, Palavra de Sabedoria e Palavra de Conhecimento. 
Nestes casos, a descrição dos dons aponta muito mais para o conteúdo que eles operam que o modo como serão aplicados ou quem os realiza. Podemos nem fazer tal distinção descritiva, mas ela está lá e não podemos negá-la. 
Este modo de descrever os dons reforçam a natureza objetiva do que estes dons fazem. Isto é importante para a nossa consideração aqui. 
O Dom de Profecia – é preciso considerar que a ideia bíblica de profecia não pode ser identificada com a ideia popular de “previsão futurística”. Claro que não iremos nos deter demais sobre este ponto, mas que é necessário considerar que a ideia bíblica de profecia é “usar a Lei de Deus para revelar o que está errado na prática comum”. 
O Dom de Ensino – ensinar é a tarefa bíblica de toda a Igreja: “(...) ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt 28.20). Voltando ao princípio estabelecido em 1 Pedro 4.11:“Quem fala, fale de acordo com os oráculos de Deus”.  Desta forma, fica claro que o dom espiritual do ensino não tem a ver apenas com a capacidade didática de explanação de um tema, mas a capacidade de explicar a verdade bíblica. 
O Dom de Exortação – a exortação é a capacidade de usar a Lei de Deus para trazer o homem para cima. “Parakaléo” é o verbo grego que é comumente traduzido por “exortar”, o que pode ser considerado como “chamar a atenção” ou “chamar para cima”, nestes dois casos, a Lei é o mecanismo para tal. 
Palavra de Sabedoria – Este dom está ligado à uma capacidade de interpretação das situações práticas da vida, à luz da realidade e conteúdo do ensino bíblico. Este dom é, naturalmente, ligado à vida prática, fazendo uma aplicação e toda a lei de Deus aos fatos da vida. 
Palavra de Conhecimento – Este dom implica em uma capacidade especial de estruturar o ensino, capacidade de estabelecer relações entre os conteúdos bíblicos e tornar estas relações em conhecimento. Este dom é necessário para que os diversos ensinos bíblicos sejam apresentados de forma coerente, lógica, simples e palatável a todos os que são instruídos.     
Todas estas apresentações de dons apontam para o propósito final deles que é uma reordenação da realidade no modo como as pessoas interpretam e concebem cognitivamente o que é a verdade. Estes dons trabalham unidos para nos ajudar entender a nossa realidade a partir da Lei de Deus. 

Dons de Natureza Intelectual Descritos Quanto ao Agente
Por outro lado, encontramos as listas de 1Coríntios 12.28-30, Efésios 4.11 e 1 Pedro 4.11, falando dos dons, pontuando por meio dos agentes que executam estes dons. 
Esta maneira de descrever, evidentemente aponta para a mesma direção que é o propósito divino de reordenar o mundo segundo os princípios de sua Lei, conforme o mundo foi criado e ordenado. Contudo, a ênfase no portador do dom, descreve principalmente como este dom alcança pessoas. 
O Dom de Apóstolo– podendo ser portadores dos dons de ensino, exortação, profecia, palavra de conhecimento e ou palavra de sabedoria, Deus também dota pessoas com capacidades de fazer estes conteúdos chegar e alcançar mentes. Evidentemente, o “dom de apóstolo” é envolvido atualmente em uma grande controvérsia, que tem relação e se confunde com a ideia de apóstolo como ofício. Aqui, não compreendemos que o termo paulino “apóstolo” seja uma referência ao ofício exercido pelos 12 (11 mais Paulo). A palavra “apóstolo” (da raiz grega apostololéo) aponta simplesmente para alguém que foi “enviado da parte de alguém” ou “um mensageiro da parte de alguém com uma mensagem deste alguém”. O que aprendemos nesta descrição é que Deus tem uma mensagem que ele envia à pessoas e sua intenção é que a verdade alcance pessoas não alcançadas. O apostolo é alguém que vai a outras terras para anunciar a palavra de Deus.
O Dom de Profeta– Este agente do dom, da mesma forma que a própria natureza do dom, é alguém com uma postura muito assertiva na ideia de ver as pessoas reagindo positiva e favoravelmente à Lei de Deus. Este profeta tem o impulso da convocação dos homens a ouvir a Deus e atentar para os seus caminhos. Deus usa este agente, revelando uma intenção clara de que as pessoas tenham suas vidas transformadas segundo o padrão das Escrituras. 
O Dom de Mestre– este agente pode ser portador do dom do ensino, palavras de sabedoria ou conhecimento e todos os outros dons intelectuais. Mas, este agente, tem algo mais que somente um dom de ensino, ele é um exímio explanador do conteúdo ensinado da Lei de Deus. Ele não somente agrega o conteúdo do dom, mas é um agente eficiente na apresentação do mesmo. Sua tarefa é, primordialmente a conquista afetiva para a verdade, por meio do esclarecimento didático do mesmo.
O Dom de Pastor– Conquanto haja quem não faça esta distinção e prefira unir esta agencia à do mestre, chamando de “pastor-mestre”, eu prefiro destacar que existem filhos do reino, especialmente capazes de guiar pessoas por meio de ações de cuidados e ensinos pastorais. Mais que mestres do ensino e na explicação das verdades bíblicas, estes são pessoas que conseguem apresentar a verdade de forma clara no modo como vivem ao lado de pessoas. Seu pastoreio tem uma relação estreita entre ensino, cuidado, exemplo. Para exemplificar este comportamento especial, lembramos do que disse o autor aos hebreus em 13.7. Aqui, ele se refere à pessoas designadas por Deus para conduzirem o rebanho de uma maneira pessoal, cujo exemplo de vida causava impacto. 
O Dom de Evangelista– Outro agente especial da verdade é o evangelista. Pessoas que possuem uma maneira diferenciada de usar a verdade de forma apologética e para convencimento da verdade. Estes agentes persuadem as mentes com grande poder e profundidade. Eles são capazes de apresentar e confrontar posições contra a verdade, de uma maneira especial. Em geral estes evangelistas não são como apóstolos que se deslocam a lugares onde não há cristãos, mas permanecem nas regiões onde a igreja está alcançando os não crentes ao seu redor. 

Conclusão 
O que precisamos aqui é notar que existe uma intencionalidade nas dotações, que Deus deseja que a verdade alcance pessoas e mude o seu modo de pensar a realidade. Ao capacitar seus filhos com dons para alcançar esse objetivo, Deus procura estabelecer uma conexão entre a ideia de propósito final e o meio pelo qual ela é atingido. 
Em outras palavras, Deus escolhe o ponto que primordialmente deseja mudar no modo de pensar de alguém e concede dons que nos conduzam a essa mudança, mas também escolhe o meio, isto é, aqueles que serão dotados para tanto. 
Por exemplo, o dom da exortação pode ser levado à efeito por meio um "evangelista", aquele que tem uma especial capacitação para apresentar o evangelho em meio a pessoas que não professam a fé. Portanto, notamos que pode haver aqui uma combinação de dotações, potencializando o espalhar dos dons. 
Precisamos considerar primordialmente essa condição de que os dons de natureza intelectual, têm como objetivo, alcançar as mentes e leva-las a Cristo, remodelando o modo de ver e interpretar a realidade. 

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